sábado, 28 de janeiro de 2012

A fortaleza de Peniche em 1644


Fortaleza Peniche


A faixa costeira portuguesa não era considerada uma frente de guerra de principal importância, apesar dos receios do poderio naval espanhol (uma ameaça que, todavia, nunca se veio a concretizar durante o conflito). A defesa estática da costa encontrava-se subalternizada em relação às fronteiras do hinterland português, tanto em homens como em material. Mas qualquer movimento suspeito de navios podia aumentar, de súbito, as preocupações entre a população civil e os comandantes militares.
Um episódio desta natureza é reportado por Gaspar Luís de Meireles, comandante da fortaleza de Peniche, ao Conselho de Guerra. Na sua carta de 16 de Julho de 1644 refere que nesse mesmo dia, um sábado, pela uma hora da tarde, tinham aparecido oito navios à parte do norte, os quais se dirigiram às Berlengas, onde ancoraram. Foram identificados como navios de Dunquerque, cidade portuária no norte de França que desde 1559 pertencia à Espanha, na sequência do Tratado de Cateau-Cambrésis. Gaspar Luís de Meireles manifesta a sua preocupação pelo facto da vila estar aberta e sem abastecimento nenhum, sofrendo muita falta de artilharia, apetrechos para ela e munições, conforme em outra carta, escrita em 24 de Maio, tinha exposto ao Conselho de Guerra. E acrescenta: E o porto é tal, que não faltam jamais navios de Mouros, sem falar dos de Dunquerque. Recorda ainda que D. João IV havia ordenado que houvesse mil infantes de guarnição no presídio, mas hoje não tem mais de sessenta que se repartem em três postos, não se podendo socorrer uns aos outros. As companhias da terra não tinham gente por serem todos marinheiros, de sorte que se não pode ter esperança, senão de vinte ou trinta homens honrados da terra que não faltarão no serviço de Vossa Majestade.
Na sequência destas queixas e preocupações, o Conselho de Guerra solicitou que o Rei mandasse perguntar ao Conselho da Fazenda que razão tinha para não executar as consultas que lhe tinham sido dadas sobre a consignação daquele presídio, e que com efeito se remediasse necessidade tão urgente, enviando os mantimentos que se tinham ordenado e 120 soldados para aquele presídio, em lugar dos que dele se tinham levado para a província do Alentejo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Gruta da Furninha


Gruta da Furninha

A mais importante estação pré-histórica do concelho é a Gruta da Furninha. Estação hoje localizada junto ao mar, foi ocupada entre o Paleolítico Médio e o final do Calcolítico, tendo sido escavada em 1880 pelo estudioso Joaquim Nery Delgado. Esta gruta, ocupada durante o Paleolítico, como abrigo, e durante o Neolítico e a Idade do Cobre, como necrópole, forneceu um vasto espólio arqueológico, no qual se destacam: vestígios osteológicos de vários hominídeos, nomeadamente do Homo Sapiens (Homem de Neandertal) e de Homo Sapiens Sapiens (Homem actual); vestígios de fauna do período quaternário (peixes e mamíferos); utensílios líticos (bifaces, pontas de seta, ou machados de pedra polida); utensílios em osso; e várias peças de cerâmica neolítica (os célebres vasos de suspensão da Gruta da Furninha).

Fuga de Álvaro Cunhal


Fuga de Álvaro Cunhal do Forte de Peniche

Preso há mais de uma década, Álvaro Cunhal, líder do Partido Comunista Português (PCP), escapou à PIDE com a fuga que protagonizou, a 3 de Janeiro de 1960, da prisão de Peniche.
A fuga envolveu uma dezena de presos políticos ligados à oposição comunista ao Estado Novo e só foi possível graças à conivência de um militar da GNR, José Alves, que, nomeadamente, ajudou a neutralizar com clorofórmio o carcereiro de serviço.

Os dez presos - Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues - desceram a muralha exterior do forte de Peniche por uma corda feita com lençóis, numa acção mais própria de um filme do que da realidade. O facto reforçou o cariz de espectacularidade da acção que, compreensivelmente, entusiasmou os movimentos oposicionistas para além do PCP e desmoralizou a PIDE e o próprio regime.

Lenda da Senhora dos Remédios

Lenda da Senhora dos Remédios

Conta esta lenda que, tendo os muçulmanos ocupado este território no séc. VIII, os cristãos aqui instalados receosos que a imagem da Virgem, muito venerada, fosse profanada pelos ditos infiéis, a procuraram esconder numa gruta junto ao actual Cabo Carvoeiro, tendo esta aí ficado guardada durante muitos anos.


Entretanto, durante o séc. XII, no reinado de D. Afonso Henriques, um criminoso, fugido à justiça, procurava refúgio nas cavidades rochosas da vertente ocidental da então ilha de Peniche, quando de forma providencial encontra numa pequena gruta a imagem da Virgem, que havia sido escondida quase quinhentos anos antes.


Receando que naquele sítio a imagem estivesse sujeita a roubo ou profanação, trataram os habitantes de a levar para a então existente igreja de S. Vicente, em Peniche de Cima.


Porém, de todas as vezes que o tentaram a imagem misteriosamente desaparecia do seu altar, voltando a ser encontrada na mesma gruta onde havia sido descoberta.
Certos de que tal fenómeno correspondia à vontade da Santa, ergueram sobre a dita cavidade uma pequena capelinha, antecessora da actual Capela de Nossa Senhora dos Remédios, onde ainda hoje se conserva a sagrada imagem.


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Culto da chamada Senhora dos Remédios.
 A importância deste culto traduzido em peregrinações anuais, os Círios, terá motivado a criação de um santuário no séc. XVII, composto pela referida capela e por uma praça fronteira orlada de casas onde se encontravam a residência do ermitão e dos mordomos, as hospedarias e as cavalariças. Elementos Artísticos: As paredes da capela são forradas a azulejos do séc. XVII. Na capela-mor, encontra-se a Imagem de N. Sra. dos Remédios.
Festa anual no 3.º Domingo de Outubro e círios
Actividades religiosas: Missa Festas, Romarias Procissões.